sábado, 19 de maio de 2012

Samuel - 1 Aninho!!!




Hoje seria um dia de festa, com balões coloridos enfeitando o salão. Bolo, guaraná, docinhos, muitas fotos e  presentes. Mas Deus entendeu que a festa deveria ser adiada, por algum motivo que Ele ainda vai nos mostrar! 

Há 1 ano atrás eu recebia de Deus o mais lindo dos presentes, o presente que mudaria a minha vida para sempre. O presente que me fez entender que cada segundo da nossa vida é importante e deve ser vivido com a intensidade necessária para que seja lembrado eternamente.


Saí de casa com um bebê na barriga e outro no colo, no dia 14 de Abril de 2011, rumo a São Paulo, a cidade a que eu costumo me referir como " Cidade da Esperança". Saí com a força que me determinava a mover mundos e fundos para ajudar o meu filho e com a coragem que me dizia que tudo daria certo. Tamanha era a minha fé que eu nem cogitava a possibilidade de algo dar errado, embora tivesse total consciência de que isso era muito provável. Mas eu pensava positivo, até pra não surtar! Deus me deu tranqüilidade todos os dias, devo ainda frisar, TODOS os dias. Eu sabia que meu filho tinha poucas chances, mas em momento algum em me desesperei, entreguei nas mãos de Deus e confiei, afinal é isso que Ele espera de nós, que confiemos nEle e que tenhamos certeza de que Ele sabe o que é melhor.

Chegamos em SP, Felipe estranhou tudo, as pessoas, o local, a cama, a comida. Mas em 2 dias ele já estava se sentindo em casa, eu olhava pra ele e pensava “quem me dera ser tão prática assim”. Deus foi providenciando tudo que era preciso, ali tivemos experiências lindas e milagrosas, uma das maiores lições sobre o poder de Deus eu aprendi naquele lugar, com crianças que deixavam as melhores equipes médicas do Brasil de cabelos em pé, quase doidos, e em seguida mostravam pra eles quem é que mandava, claro que era Deus!! Houveram experiências tristes, muitas!! Foram muitas perdas e quando o telefone tocava no meio da madrugada, todas nós sentávamos na cama de uma só vez e ficávamos nos olhando, até alguém tomar coragem pra atender. E foram muitas ligações! Cada perda ali era como se um pedacinho da minha esperança também fosse embora, ver pessoas queridas, que já eram parte da minha vida, como se fossem da minha família, sofrendo, era dilacerante! Um abraço não seria suficiente nunca, mas era tudo que eu tinha pra dar!

Fiquei ali (na Associação de Assistência a Criança Cardiopata – Pequenos Corações) com o Felipe 35 dias, internei no HCOR as 05:30h da manhã do dia 19 de maio para me preparar para o nascimento dele. Que lugar maravilhoso!!! Cheguei no hospital e só conseguia sentir ali coisas boas, muita fé, um lugar aconchegante, confortável, meu esposo pode ficar comigo o tempo todo e isso me dava ainda mais segurança! As 7:00h a Dra Luciana passou na sala, conversou comigo e me disse que estaria me esperando no centro cirúrgico para a cesariana, logo a psicóloga passou, conversou um pouco com a gente, incentivou meu esposo a entrar na sala de parto comigo. Um pouco depois colocaram o cateter, colheram amostras de sangue e me pediram pra tomar banho. Quando eu já estava pronta, por volta das 09:00h, vieram me falar dos resultados dos exames de sangue e em seguida me levaram para a sala do pré-parto. Meu esposo foi comigo e aquilo me deixou mais segura e muito feliz! Fiquei ali no Pré Parto esperando mais um pouco, quando, lá pelas 10:00h, foram me buscar. Entrei na sala, uma equipe enorme me aguardava. Conversaram comigo e começaram os procedimentos. Anestesia, corte, cauterização. Tudo com muita tranqüilidade, eu estava bem. Logo comecei sentir dificuldade pra respirar, a pressão subiu um pouco e aumentaram o oxigênio, mas eu estava calma, então logo tudo voltou ao normal. Meu esposo foi chamado, sentou numa cadeira ao lado da minha cabeça e ficou conversando comigo e narrando tudo que acontecia. De repente eu senti que fizeram uma força extra, puxaram alguma coisa e então meu marido disse: “Nasceu!! Ele é tão lindo e tão curtinho!” (Felipe nasceu com 51cm e Samuel com 45cm, realmente era bastante diferença RS). Eu não ouvia o chorinho dele, então fiquei perguntando ao meu esposo, que estava vendo tudo, se ele estava bem. Ele dizia que sim, mas isso não me conformava, que queria ver o meu filho. Então colocaram ele na balança, onde mediram apgar, fizeram aspiração e então ele chorou, baixinho, mas chorou pra mamãe =]. Era mesmo curtinho meu moleque, um cisquinho de gente, mas era tão lindo!! Tinhas umas pernas grossas, embora tivesse nascido com 1kg a menos que o Felipe, a falta de tamanho compensava e ele era bem gordinho. Finalmente meu milagre estava ali, chorando e sentindo o meu cheiro. Trouxeram pra nós, meu esposo o pegou nos braços, depois trouxeram pra mim, beijei aquela cabecinha cabeluda, cheirei bastante e então o levaram. Eu havia me preparado pra essa separação por tanto tempo e acabava de descobrir que não estava preparada coisa nenhuma! Quando levaram ele pra UTI eu não sabia como ele estava, ainda iriam fazer os exames pra saber como o coração dele estava, mas ele era rosa, respirava com facilidade, não tinha nem as unhas roxinhas, dava vontade de levantar da mesa de cirurgia (como se fosse possível) e sair correndo dali com ele no colo. Ele era perfeito!!! Fecharam a cirurgia, meu esposo saiu da sala e voltou para o quarto, eu fiquei na sala de pós operatório até a anestesia passar e depois também fui para o quarto, cheguei no quarto as 13:15h e logo o Felipe chegou com a minha sogra, em seguida o meu esposo chegou com uma amiga nossa que havia ido nos ver. As 14:00h era a primeira visita e eu fiz questão que elas fossem ver o Samuel, eu não podia ir, mas queria mostrar meu trofeuzinho pra quem tivesse oportunidade de ver. Voltaram me dando uma notícia tão boa, ele estava mamando na mamadeira, já havia feito xixi, sinal de que os rins estavam bons, e respirava sozinho! Finalmente respirei aliviada. É interessante a gente parar pra pensar que mesmo que os médicos, que são quem entende do assunto, nos disserem que está tudo bem, a gente só acredita quando uma pessoa leiga, mas que a gente confia, fala que está tudo bem. Uma enfermeira entrou no quarto e me disse que assim que eu pudesse me movimentar era pra ir ao banco de leite, tirar leite pra ele mamar. Fiquei tão feliz com essa notícia, ele iria mamar o leitinho da mamãe! Na visita das 17:00h meu esposo foi ver nosso milagrinho. Voltou orgulhoso, todo babão, com a carteira de vacina na mão! Disse que já tinham colocado o nome dele na cabine da UTI e que ele estava dando um show de boas notícias em todos os intensivistas. Isso me deixava cada vez mais confiante, ele estava bem, então ia ficar tudo bem. Na visita das 20:00h eu fui vê-lo, ai quanta emoção! Cheguei ao lado do bercinho dele, eu ainda não podia levantar da cadeira de rodas, mas foi maravilhoso ver o quanto ele estava bem. A enfermeira tirou o lençol que o cobria, estava só de fraldinha, e eu pude ver seu corpinho perfeito, todo coberto de pêlos, pra não negar a raça rs. Me trouxeram uma cadeira mais alta, pra eu ficar bem pertinho dele, e eu fiquei ali, admirando o meu milagre, a minha razão de ter enfrentado tudo e todos e, nossa, como eu sabia que cada minuto tinha valido a pena! Voltei para o quarto só alegria, mas logo vieram acabar com a minha festa. Me disseram que a cirurgia seria no outro dia, meio dia. Eu também havia me preparado pra esse momento por muito tempo e sabia que era necessário. Tentava pensar que ele estava ótimo, que iria tirar de letra e assim eu fui vê-lo na visita das 10 da manhã, depois de passar a noite pedindo a Deus pra cuidar do meu pequeno. Nunca me arrependi tanto de ter esquecido a máquina fotográfica, pois naquela visita eu peguei o meu filho nos braços e fiquei ali com ele, cantando e acariciando, por uns 50 minutos, talvez, não me lembro muito bem! Ele já estava em jejum, então a enfermeira me perguntou se podia dar uma chupetinha pra ele, pois ele estava com fome e a chupeta iria acalmá-lo. Eu achei o máximo ele segurando a chupeta com as duas mãozinhas, como se estivesse abraçando, e rapidinho pegou no sono, mas nem uma foto eu tirei dele ali, de bico na boca e no meu colo. Voltamos pra o quarto, depois do almoço foram nos chamar, era chegada a hora, e fomos levar nosso presente ao CC, ele estava lindo, com os cabelinhos ainda úmidos do banho, eu vi a enfermeira separando uma fraldinha, um lençol e a chupeta pra levar para o CC e aquilo me emocionou bastante, era eu que deveria estar separando as coisinhas dele, era eu que deveria estar arrumando uma bolsa, mas para irmos embora dali, para sempre, ao invés disso era uma enfermeira arrumando as coisinhas dele para levar para a cirurgia! Chegamos na porta do CC, trouxeram o termo de autorização para assinarmos e ali, pela primeira vez eu pensei: “E se eu não quiser assinar?” Mas logo lembrei do porquê de estar ali e eu sabia que não tinha mais volta, eu precisava assinar. Senti o cheirinho do meu bebê, beijei aquela mãozinha e orei com ele. Então o levaram e aquele corredor parecia o maior corredor em que eu já havia estado. Fiquei ali parada, esperando ele sumir do meu alcance, até que as portas se fecharam. Meus olhos não me deixaram ver mais nada sem que as lágrimas embaçassem tudo. Ali eu senti, pela primeira vez, o quanto eu era impotente diante de toda a situação. Eu sabia que meu filho ficaria semi-morto, numa cama fria, sendo cortado, costurado, perfurado por um monte de gente e eu não podia fazer nada, aliás, era eu que tinha levado o meu filho para aquele lugar. Mas eu sabia que tudo aquilo era preciso e mesmo em meio ao furacão de medo que eu sentia, eu ainda acreditava, tudo ia ficar bem! As 15:00h vieram nos avisar que a cirurgia havia terminado e ele estava bem. Juro que se eu não tivesse com tantos pontos, eu teria pulado de alegria. Mais do que depressa eu disse “quero vê-lo!” Nem perguntei se podia, eu precisava vê-lo. Assim, quando vieram chamar meu esposo para conversar eu fui também! Chegamos lá, a médica confirmou o diagnóstico dele, disse que a cirurgia havia sido muito bem sucedida, tudo estava perfeito, conseguiram fazer tudo o que era pra ser feito e eles estavam terminando de fechar o peito do Samuel. Voltamos para o quarto aliviados, com vontade de sair gritando aos quatro cantos o quanto estávamos felizes. As 17:00h teríamos uma visita, mas nos ligaram dizendo que estavam fazendo um procedimento num bebê lá na UTI e por isso não podíamos descer aquela hora. Ficamos esperando e as 18:00h nos chamaram e lá fomos nós, ver nosso pequeno. Eu sabia que não seria fácil vê-lo entubado, totalmente pálido, mas eu achava que estava preparada. Foi uma cena chocante ver Samuel ali, daquele jeito, deitado sem se mexer, respirando porque o respirador estava estimulando, com os batimentos fracos, saturação altíssima, pressão baixa, eu notei que algo estava errado. Então a médica veio conversar com a gente e nos disse que ele não estava bem, que depois que a cirurgia acabou, provavelmente depois que estivemos com a equipe, enquanto fechavam o peito dele, ele teve uma parada cardíaca. Ele estava grave, com adrenalina e talvez teriam que entrar com nitrogênio. Mas eu já havia visto e ouvido muitos pós operatórios antes e sabia que sempre eles davam notícias ruins nas primeiras visitas. Então voltei para o quarto com uma certa tranqüilidade, embora preocupada. Na visita das 20:00h a outra intensivista nos disse a mesma coisa, ele não estava bem, já haviam entrado com nitrogênio e aí eu comecei a realmente entender o que estava acontecendo. Ele não estava respondendo ao tratamento, nada fazia efeito e ele continuava muito mal, muito grave. Voltamos para o quarto e eu orei a Deus, implorei pra que meu filho ficasse bem, que eu queria trazê-lo pra casa, que eu queria que ele conhecesse o irmãozinho, que eu precisava dele do meu lado, não podia ficar sem o meu filho. E foi orando que eu dormi. As 2 da manhã a enfermeira entrou no quarto, acendeu as luzes e disse que a UTI estava nos chamando. Eu levantei da cama tão rápido que nem dor senti. Meu esposo vestiu um casaco e descemos, eu nem esperei a cadeira de rodas chegar, fui andando mesmo, e quando chegamos lá a médica nos recebeu com uma expressão de cansaço, de frustração, de tristeza. Ela nos disse que Samuel havia acabado de voltar de uma parada cardíaca da qual ela demorou 15 minutos pra trazê-lo de volta. E ela foi sincera e nos disse que precisava nos avisar, porque se ele tivesse outra ela não sabia se conseguiria de novo. Cheguei ao lado do Samuel, beijei meu filho e disse pra ele não dar susto assim na mamãe, que a mamãe era fraca, não agüentava isso, não. Falei pra ele que o irmãozinho dele estava esperando por ele lá fora assim que ele ficasse bem, que a família toda estava doida para conhecer o nosso milagrinho e ele precisava ficar bem. Mas eu via que os batimentos dele estavam caindo, a pressão também, e eu sentia que estava perdendo o meu filho. Meu marido não agüentava mais ficar ali e me chamou pra sairmos, dei um beijo no meu pequeno e saímos corredor afora. Quando pisamos fora da porta eu pude ouvir um apito, aquele apito de monitores de UTI que a gente costuma escutar nas novelas, quando alguém morre. Eu ouvi aquele apito e em seguida ouvi uma correria dentro da UTI, eu sabia que era algo com o meu Samuel, afinal, sua pressão de 3x2 não iria agüentar muito tempo. Mas eu não quis voltar pra conferir e fomos para o quarto. Deitei na cama, comecei minha oração do plano B, com a intenção de compadecer o coração de Deus, de mostrar pra Deus que eu não era egoísta, eu então disse a Ele pra não deixar o meu filho sofrer, que eu queria o meu filho bem e não sofrendo. Mas no fundo eu queria dizer “Deus, eu não quero o meu filho sofrendo, eu quero meu filho bem e o Senhor pode deixá-lo bem, então deixe-o!” Mas eu não podia ser egoísta a esse ponto, e só disse a Deus pra fazer o que fosse melhor para o meu filho, que meu coração de mãe agüentaria qualquer sofrimento, menos o de ver meu bebê sofrendo. Não sei quanto tempo fiquei ali, conversando e discutindo com Deus, mas então eu cochilei. Alguns minutos depois a enfermeira voltou, acendeu as luzes e nos disse que a UTI estava chamando de novo. Mas se eles já haviam avisado que o caso era grave, que ele estava muito mal, nos chamariam pra quê dessa vez?? Claro que eu já sabia. Lembro do meu esposo virar pra mim e perguntar “Será que está tudo bem?”. Eu apenas sacudi a cabeça, já chorando, por imaginar o que estava acontecendo lá e como a inocência desse pai, que ainda esperava uma notícia boa, iria reagir com uma notícia triste. Eu já saí do quarto me preparando para aquela notícia, já saí dali resmungando com Deus, mas saí dali ao mesmo com um alívio, como se pensasse: “acabou!!! O sofrimento dele acabou!!”. Chegamos na UTI e nem nos deixaram entrar, haviam duas equipes intensivistas na sala e uma das médicas veio nos receber no corredor e nos disse que ele estava parado havia 1 hora e ainda estavam tentando trazê-lo de volta, mas pediu que sentássemos na recepção e nos preparássemos para o pior. Naquele momento o mundo desabou na minha cabeça. Meu esposo ainda estava ali, sentado, esperando uma notícia boa, aquela fé dele estava me incomodando, eu estava com tanto rancor naquele momento que tinha vontade de sacudi-lo e dizer: “Você não entende que ele já morreu?”
Passados uns 15 minutos a médica saiu na porta, o olhar dela denunciava tudo, ela nem teve tempo de nos dizer nada. Eu olhei pra ela como se dissesse “eu não quero saber!!” Acho que ela entendeu! Mesmo assim ela nos deu a notícia, ficou ali parada alguns minutos, nos olhando, sentada ao nosso lado. O desespero do meu esposo tomou conta de toda a recepção. Eu nunca tinha visto ele assim, chorando como uma criança. Ele esmurrava a parede e eu não podia fazer nada! Eu também estava aos cacos. Por alguns instantes nos separamos e choramos nossa dor individual, em seguida nos abraçamos e ali ficamos, parados, apenas chorando, sem nos dar conta da hora, do lugar, de quem estava a nossa volta. Me disseram que iriam tirar os aparelhos dele para que eu pudesse vê-lo e eu fiquei ali esperando. Peguei meu telefone e liguei para a pessoa que me ensinou a ser forte, a pessoa que me ensinou a acreditar no meu filho, a pessoa que me mostrou que todos os obstáculos do mundo não são nada perto do poder de Deus. Acordei a minha amiga Márcia no meio da madrugada, assim como eu havia sido acordada muitas vezes na Associação, e dei a ela a notícia. Tudo que eu esperava era que ela pudesse me dizer que aquilo poderia ter sido um engano, que eles poderiam ter confundido meu filho com outro bebê, mas eu sabia que isso era impossível e ela não podia me dizer nada, nada... assim que desliguei o telefone, passados uns 10 minutos, duas amigas chegaram lá, duas mães batalhadoras, mães de verdadeiros milagres, mães que foram minhas companheiras, minhas amigas de verdade, em meio à luta, ao sofrimento, à dor. Ali eu senti que mesmo nos piores momentos da nossa vida Deus ainda faz com que algo bom aconteça. Eu não estava sozinha, nós não estávamos sozinhos! Tínhamos ali duas pessoas pra nos abraçar! O restante da história vocês já sabem, talvez eu conte de novo daqui a dois dias, quando fará 1 ano do falecimento. Mas por hoje eu posso dizer a vocês que Samuel foi a maior lição da história da minha vida! E sempre que eu me pergunto onde estava Deus quando viu que meu filho estava morrendo, a resposta me vem imediatamente: No mesmo lugar onde Ele estava quando viu o único Filho dEle sendo crucificado!!!


Faz 1 ano que minha vida mudou pra sempre e mesmo que eu viva mais 80 anos ainda vou me lembrar daquele cheirinho!

domingo, 13 de maio de 2012

Feliz Dia Das Mães Especiais!!





Uma vez visualizei Deus pairando sobre a Terra, selecionando o Seu instrumento de propagação com um grande carinho e compassividade. Enquanto Ele observava, instruía seus anjos  a tomarem nota em um grande livro:
"Para Beth Armstrong, um menino, e o anjo da guarda Mateus."
"Para Marjorie Foster, uma menina, e o anjo da guarda Cecília."
"Para Carrie Rudlegde, gêmeos e, para anjo da guarda, mande o Gerald; ele está acostumado com profanidade."
Finalmente Ele passa um nome para um anjo, sorri e diz:
"Dê a ela uma criança especial."
O anjo, cheio de curiosidade pergunta:
"Porque a ela Senhor? Ela é tão alegre..."
"Exatamente por isso. Como eu poderia dar uma criança especial para uma mãe que não soubesse o valor de um sorriso? Seria cruel."
"Mas, será que ela terá paciência?"
"Eu não quero que ela tenha paciência, porque aí ela com certeza, se afogará no mar da autopiedade e do desespero. Logo que o choque e o ressentimento passarem, ela saberá como se conduzir."
"Eu a estava observando hoje. Ela tem aquele forte sentimento de independência. Ela terá que ensinar a criança a viver no seu mundo e não vai ser fácil. E, além do mais, Senhor, eu acho que ela nem acredita na Tua existência!"
Deus sorri:
"Não tem importância. Eu posso dar um jeito nisso. Ela é perfeita. Ela possui o egoísmo no ponto certo."
O anjo engasgou:
"Egoísmo? E isso é, por acaso, uma virtude?"
"Se ela não conseguir se separar da criança, de vez em quando, ela não sobreviverá. Sim, essa é uma das mulheres que eu abençoarei com uma criança menos perfeita. Ela ainda não faz idéia, mas ela será também muito invejada. Sabe, ela nunca irá admitir uma palavra não dita, ela nunca irá considerar um passo adiante como uma coisa comum. Quando sua criança disser - "mamãe" - pela primeira vez, ela pressentirá que está presenciando um milagre. 
Quando ela descrever uma árvore ou um pôr-do-sol para seu filho cego, ela verá como poucos já conseguiram ver a Minha obra. Eu permitirei ver claramente coisas como ignorância, crueldade, preconceito e ajudarei a superar tudo. Ela nunca estará sozinha. Eu estarei ao seu lado cada minuto de sua vida, porque ela está trabalhando junto comigo."
"Bom, e quem o Senhor está pensando em mandar como anjo da guarda?"
Deus sorriu:
"Dê a ela um espelho, é o suficiente."


Texto: Autor Desconhecido

quinta-feira, 10 de maio de 2012

A Árvore da Vida!!!

Hoje foi dia de homenagem na escola!



Dias das mães... eu sabia que não seria fácil! Ver meu pequeno lá, cantando e encenando em minha homenagem, seria emoção demais!!! Foi o primeiro dia das mães dele na escola e o meu primeiro também, e depois de tantas emoções no ano passado eu sentia que ia chorar um rio, até levei um lenço rs. 


Chegamos lá e as crianças começaram as apresentações, cada nível com sua turma e suas professoras queridas, todo mundo tão empolgado, lindas fantasias que as tias passaram dias planejando e fazendo, fantoches, teatrinho, danças, tudo lindo e perfeito! Do jeitinho deles estava tudo encantador!


Felipe entrou com sua turminha, estava empolgado com um fantoche na mão, a música começou e então... ele me viu... ahhhhhhhhhh filhoooo, por que você tinha que ver a mamãe antes da música??? Pronto, não cantou nada! Não encenou nada! Não fez nada!! Alias, fez sim, um bico do tamanho do mundo haha! Mas eu ainda estava lá emocionada, pedindo pra que ele cantasse. Eu juro que tentei me esconder antes que ele me visse, mas o rapazinho já entra no palco procurando por todos os lados e quando eu me escondi atras de alguém ele já tinha me visto e foi batata!! Se ele me vê fica tímido, típico de menino mimado como ele é rs. Tirei um monte de fotos, a apresentação terminou e todos voltaram pra salinha, pra devolver os fantoches. E eu fiquei babando, não ia ficar triste porque meu filho estava com vergonha de cantar, jamais! Fiquei orgulhosa dele lá, mesmo que feito uma estátua rs. 


Depois da turma do Felipe entrou a turma do Berçário, cada bebê no colo de uma tia, as tias todas se uniram pra carregar os bebês e o tema da apresentação dos pequeninos era "A Árvore da Vida". Uma música tão tocante, um clima tão gostoso! Os pequenos ainda não sabem cantar, então uma das tias leu um poema lindo, enquanto os pequeninos batiam palminhas seguindo o ritmo da música. Uma música daquelas que nos faz parar tudo que estamos fazendo e apenas ouvir, apenas deixar ela tocar o coração da gente.
Os pequenos se empolgaram, cada bebê levantava do seu lugarzinho e ia andando até uma árvore no meio do salão e lá deixava a sua "sementinha" com o nome da mamãe. Foi lindo ver aqueles toquinhos de gente fazendo as homenagens deles.


De repente, lá nos fundos, beeem lá nos fundos da pequena multidão, eu vi que uma mãe chorava copiosamente, aquilo me incomodou um pouco, mas eu entendo o sentimento da mãe que está vendo seu filho se apresentar pela primeira vez e continuei observando as crianças. Mas ela não parava, ela chorava alto, ela estava se desmanchando em lágrimas lá nos fundos e eu não estava entendendo direito o motivo. Claro que fiquei curiosa, a curiosidade é um dos meus defeitos e eu cheguei mais perto, não pra perguntar, mas tentar entender o que estava acontecendo ali. Então eu vi que aquela mãe não estava sozinha, ela estava acompanhada do esposo e de uma senhora que enquanto abraçava aquela mãe chorosa, sorria para as crianças. Foi fácil ver que o pai também estava emocionadíssimo e então eu pude ver ali, ao lado deles, duas bengalas!! Ambos, pai e mãe, são cegos! E tudo que eu imagino que aquela mãe estava fazendo era tentando imaginar o que o seu bebê estava fazendo, mesmo que em silêncio, lá naquele palco. Ela ficou em pé, pegou a bengala na mão e saiu no meio das pessoas, foi andando com a senhora que a acompanhava atras, tentando chamá-la, mas ela não ouvia, ou se ouvia fingia que não e continuava andando. Ela foi seguindo até o palco, todos viram e ficaram imóveis, ninguém tentou impedir aquela mãe talvez porque alguns duvidassem que ela chegaria até a árvore. E quando ela estava chegando lá, no meio do palco, perto das crianças, todos pudemos ver um bebê se levantando, com mais ou menos 1 ano e meio e andando, ainda com um pouco de dificuldade, até os braços daquela mãe que ele sim podia ver! Era tudo que aquela mãe queria, ter certeza que seu filho a estava vendo, que ele sabia da sua presença e o quanto ele era importante pra ela. Aquele bebê estava ainda com a sua "sementinha" na mão, ainda sem colocar na árvore e ao invés de colocar lá ele a entregou para aquela que havia dado a ele o dom da vida, que mesmo com as dificuldades que ela enfrenta e com todas as suas limitações, afinal o pai do pequeno também é cego, ainda assim ela deu a ele a vida, ela era a verdadeira árvore da vida daquela festa! E foi impossível não se emocionar! 


A apresentação do Berçário terminou e os bebês voltaram para suas salinhas e eu pude ver no rosto daquela mãe a satisfação e a sensação de dever cumprido que só uma mãe que enfrenta tudo e todos por seu filho é capaz de expressar. E eu aprendi que quando eu reclamo que estou triste, quando eu digo que estou com problemas, eu devo apenas pedir a Deus forças pra continuar, pois pessoas nesse mundo enfrentam uma dificuldade diária, constante, e ainda assim continuam celebrando o dom do Amor e da Vida!!!


O dia das mães ainda não chegou, mas eu já ganhei o meu presente e aprendi minha lição!!

terça-feira, 1 de maio de 2012

Saudade... mais do que nunca!!!!

Bom, já vou logo avisando que a melancolia está tomando conta hoje, então se você não quiser estragar o seu feriado com uma postagem triste deixe pra passar por aqui de novo daqui alguns dias, quando espero estar mais animada e ter coisas boas pra escrever.


Por hoje me atenho a dizer que um feriado longo como esse, com esse frio iluminado pelo sol e com um céu azul espetacular, só me traz saudade, só saudades!!! O último dia assim de que tenho lembrança, um dia como hoje, com céu azul sem uma nuvem sequer, um sol lindo brilhando, um vento gelado e um frio danado na sombra das árvores, foi o dia que enterrei meu pequeno, quase 1 ano atrás. Depois daquele dia eu sei que ainda fez frio, sim eu sei disso, mas juro que não me lembro!! Lembro de tão pouca coisa nos dias que se seguiram, a não ser pelo susto que passamos com o Felipe, nada mais eu guardei na memória. Decidi parar o tempo ali, imortalizar aquele dia pra me lembrar dele sempre que estivesse num dia parecido. Na verdade eu lembro dele todos os dias, mas num dia como hoje, eu posso até sentir o cheiro, o cheiro da terra gelada, das árvores soltando as folhas, o cheiro do vento gelado, das flores, do cd que tocava no carro que nunca mais foi ouvido. Sim, eu sinto o cheiro de tudo isso, o cheiro, o som, a vibração... tudo está aqui guardado esperando um dia como hoje para renascer dentro de mim. 


Não, hoje não é um dia fácil, e se hoje não é, não consigo ainda pensar como será o dia 19, quando meu pequeno estaria completando seu primeiro aniversário. 


Eu não costumo falar da minha tristeza, as vezes prefiro guardá-la só pra mim, acalentar a dor no meu coração pra me segurar nela quando precisar ser forte, e realmente ser!!! Eu procurei explodir, expôr toda a minha dor, nos dias seguintes da morte dele, chorei, gritei, me revoltei, como qualquer mãe faria, independente de qualquer coisa, foi isso que eu fiz pra quem sabe me ver livre depois, daquela dor imensurável, daquele amor que eu sentia, que parecia que ia explodir dentro de mim sem ter pra quem direcionar. Eu queria me ver "livre" de tudo aquilo e ao mesmo tempo queria tudo pra mim, pra sempre! Então procurei falar muito no meu filho, chorar toda a minha revolta, questionar tudo que eu tinha pra questionar, pra então ter a paz!! Sim eu sou uma mãe em paz, em paz comigo mesma, não me sinto culpada por nada em nenhum momento, sei que tudo foi feito da melhor forma e com tudo que pudemos, estou em paz por saber que meu filho não está aqui sofrendo, com possíveis limitações, restrições alimentares e físicas... é muito doloroso pra uma mãe ter que dizer não pra um filho quando ele pede uma guloseima e eu não precisei passar por isso! Não precisei levar meu filho pro centro cirúrgico de novo, não precisei vê-lo entubado outra vez. Mas poxa vida, era pra ele estar aqui, começando a quebrar minhas coisas, começando a resmungar, começando a puxar o rabo da Mel e talvez eu teria que correr com ele pro hospital por ter comido um grão de ração e engasgado com ele, ou por ter levado uma mordida do irmão mais velho que queria o brinquedo dele, ou por ter tido uma parada respiratória no meio da tarde, mas era pra ele estar aqui, era, era e era!!! Pena que não foi...


O que me deixa triste não é o fato de tê-lo perdido, isso foi, na verdade, um alívio pra ele e uma mãe se sente também aliviada quando o filho recebe alívio, seja ele qual seja. O que me deixa triste é exatamente o fato dele ter nascido com uma doença que ele poderia não ter tido. Que se não a tivesse, aí sim, ele estaria aqui hoje! E mesmo hoje, quase 1 ano depois, ainda é difícil não parar pra me perguntar "Deus, por que logo eu??? Por que o MEU filho??? Por que??? 


Dificilmente vocês vão me ver questionando Deus, Deus não tem culpa, mas Ele sabe dos motivos que eu ainda não consegui entender, só por isso eu ainda questiono, porque queria mesmo saber os propósitos de Deus pra vida da gente com tudo isso. Quem sabe um dia Deus me dá essa explicação pessoalmente e aí, com meu filho no colo de novo, eu vou entender tudo!


Por hoje só posso dizer que a saudade ta doendo lá no fundo, de um jeito que só ela sabe como machucar!